Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação |
O Palmeiras perdeu Fábio Mondoni de Freitas,
Fabinho como é conhecido pela torcida, uma das suas principais joias das
categorias de base. Multicampeão no Alviverde, o jogador de apenas 14 anos se
mudou para a Itália junto de sua família, no primeiro semestre de 2019, e
notificou o Verdão de que não seria mais atleta do clube.
A reportagem teve acesso exclusivo ao comunicado oficial de Fabinho ao
Palmeiras. No ofício, enviado em março deste ano, o jogador justificou sua
mudança à "insegurança brasileira e as incertezas que permeiam o
país". Sua família, que tem descendência italiana, já estava em processo
para obter o passaporte europeu e em fevereiro foi feita a mudança para a
cidade de Turim (ITA).
Fabinho completou 14 anos no dia 22 de maio e sua mudança para a Itália,
como dito, aconteceu três meses antes. Como ainda tinha 13 anos, o jogador não
possuía qualquer contrato legal com o Palmeiras, visto que a Lei Pelé prevê
esse tipo de ligação entre clube-atleta a partir dos 14 anos de idade. O
comunicado enviado ao clube faz questão de ressaltar que o Palmeiras não é o
clube formador de Fabinho.
O único registro entre Fabinho e o Palmeiras foi feito na Federação Paulista de Futebol, mas, segundo o estafe do jogador, isso não é levado como um contrato do ponto de vista legal. É apenas uma declaração de que entre os dias 1 de janeiro e 31 de dezembro - como consta no site da Federação - Fabinho estaria apto a atuar pelo Verdão. Ainda segundo a equipe que comanda a carreira do atleta, os dados do site da FPF se referem apenas a uma ficha de inscrição e isso não impede o jogador de atuar por qualquer clube do Brasil ou do exterior. O Palmeiras não quis se manifestar sobre o assunto.ART. 29. A ENTIDADE DE PRÁTICA DESPORTIVA FORMADORA DO ATLETA TERÁ O DIREITO DE ASSINAR COM ELE, A PARTIR DE 16 (DEZESSEIS) ANOS DE IDADE, O PRIMEIRO CONTRATO ESPECIAL DE TRABALHO DESPORTIVO, CUJO PRAZO NÃO PODERÁ SER SUPERIOR A 5 (CINCO) ANOS.
§ 4 O ATLETA NÃO PROFISSIONAL EM FORMAÇÃO, MAIOR DE QUATORZE E MENOR DE VINTE ANOS DE IDADE, PODERÁ RECEBER AUXÍLIO FINANCEIRO DA ENTIDADE DE PRÁTICA DESPORTIVA FORMADORA, SOB A FORMA DE BOLSA DE APRENDIZAGEM LIVREMENTE PACTUADA MEDIANTE CONTRATO FORMAL, SEM QUE SEJA GERADO VÍNCULO EMPREGATÍCIO ENTRE AS PARTES.
Palmeirense de coração,
o jogador foi contra abandonar o clube em um primeiro momento, mas não teve
opção e foi com seus pais e seu irmão caçula Enzo para a cidade de Turim, que
fica 524 quilômetros da capital Roma. Logo que chegou, Fabinho começou a
treinar em um pequeno time local. Com pouco mais de 885 mil habitantes, número
13 vezes menor que a população da cidade de São Paulo, não demorou para Fabinho
chamar atenção de clubes italianos. E ele atraiu os holofotes de um time digno
de seu potencial: Juventus. Inclusive, o meia já atuou, sem vínculo, pela
Vecchia Signora.
Fabinho em foco, com a
camisa da Juve, no canto direito da imagem:
Foto: Giovani Bianconeri |
A promessa brasileira
jogou no torneio Football Friends e a Juventus ficou na vice colocação,
perdendo a final para o Napoli por 1 a 0. Segundo sites italianos, a Juventus
estaria próxima de anunciar o nome de Fabinho como reforço de seu time sub-15,
mas o estafe do jogador nega as informações. A prioridade da família é se
estabelecer na cidade e fazer com que Fábio (14) e Enzo (11) se adaptem à
rotina italiana. Os dois já estão matriculados e frequentam escolas locais.
A carreira de Fabinho
poderia ter tomado outro rumo já que família cogitou morar nos Estados Unidos,
local onde o futebol tem pouca tradição em revelar jogadores, antes de definir
a Itália como destino final. Com a documentação italiana em mãos, algo que
aconteceu no final de 2018, a família optou por morar na Europa. No time mais
popular da Itália, o caminho é diferente e o meia pode explorar o talento que
tem. Com passaporte europeu, Fabinho poderá no futuro, se quiser, defender a
seleção italiana.
No Palmeiras, o meia
tinha tanto prestígio internamente que foi convidado pela Diretoria do time
profissional para assistir um treino na Academia de Futebol e conhecer seu
ídolo Dudu.
“É um sonho conhecer a
estrutura aqui. Consegui conversar com o Dudu, ele joga muito. Tem habilidade,
vai para cima. Eu tento fazer isso também. Foi parceiro, muito gente boa!”,
disse o meia para o site oficial do Palmeiras. Fabinho ainda conversou com o
técnico Felipão acompanhado do Gerente de Futebol Cícero Souza e de João Paulo
Sampaio, Coordenador Geral das categorias de base.
Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação |
Fabinho se destacou pela habilidade no futsal e defendia as
cores do Palmeiras desde os seis anos de idade. Após fazer a transição para o
campo, foi campeão do Paulista Sub-11 de 2016, no qual foi o artilheiro (20
gols em 19 jogos), e a Shonan International Cup Sub-11, no Japão – eleito o
melhor jogador. Pelo Sub-13, em 2018, venceu a Mito HollyHock, também no Japão,
e Taça Brasil Sub-13, na qual foi artilheiro, com quatro gols. Sua última
conquista no clube foi o Paulista Sub-13, conquistado em cima do São Paulo. O
Palmeiras derrotou o rival nos jogos de ida e de volta, com placares de 3 x 0 e
3 x 1, e Fabinho marcou nas duas partidas.
CASO LUCAS ROSA
Se Fabinho de fato for para a Juventus este será o segundo caso
em que o Palmeiras perde uma joia da base para o clube italiano. Por razões
distintas ao caso de Fabinho, em 2018, o lateral-direito Lucas Rosa se
transferiu para a Juve após não chegar em um acordo com o Verdão para assinar seu
primeiro contrato profissional. Lucas, campeão da Copa do Brasil Sub-17, é da
geração 2000, a mesma que recentemente conquistou a Tríplice Coroa do sub-20:
Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. Ele, que ao lado
de Alan Guimarães e Vitão já teve passagens pela Seleção Brasileira sub-17,
chamou a atenção dos italianos após ajudar o Palmeiras a ser campeão da
Scopigno Cup Sub-17 em 2017.
O
caso de Lucas, porém, é diferente do de Fábio. O lateral chegou no Palmeiras
com 15 anos e atuou nas categorias de base até pouco antes de completar 18
anos. Com o Verdão ele possuía um contrato amador, mas não chegou a assinar um
contrato profissional, algo que a Lei Pelé prevê a partir dos 16 anos. A
história de Rosa e Fabinho se diferencia neste ponto. O meia não chegou a
assinar nada com o Palmeiras e, devido a isso, pode fechar com qualquer clube
sem que o Alviverde receba qualquer quantia em dinheiro.
Foto: Arquivo pessoal/Lucas Rosa |
FONTE: NOSSO PALESTRA
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